sábado, 1 de agosto de 2009

Atendimento à saude

Raimundo Dias Cardoso, contabilista, 65 anos

"Nada do que acontece com a gente é em vão. Tudo tem uma "moral da história" e devemos ser resignados como que nos acomete, com os momentos difíceis da vida"
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Quando nós profissionais da área da saúde passamos para a condição de usuário externo, enxergamos mais facilmente as inadequações do atendimento prestado: falta de conforto, demora no atendimento, uma certa indiferença de alguns,ausência de cuidados como a oferta de alimentos e preservação da privacidade.

Daí a gente se pergunta: "eras, será que eu trabalho assim também?, que a equipe de trabalho que coordeno está trabalhando adequadamente? Será que estou enxergando e reparando as arestas?"

Só sei que a melhor forma de nos aprimorarmos como profissional e como pessoa, é passando pelo que os nossos clientes passam.

Estou "internada"com o meu pai num certo hospital, e estou percebendo vários problemas na prestação dos serviços.

Meu pai sofreu um terceiro AVC, chegou no local afásico e "aéreo", realmente "bobo", na companhia de meus dois irmãos que não são da área da saúde.

Se não fosse os telefonemas que eles fizeram para mim, talvez o pior tivesse acontecido com o meu pai.

INFELIZMENTE, algumas vezes temos que deixar bem claro a todos que somos da área da saúde, nos impor e até mesmo usarmos de rispidez para que o nosso ente seja atendido de modo respeitoso e seguro.

Não deveria ser assim, mas quem é da área da saúde e entende dos serviços prestados, está armado contra inadequações no atendimento. Coitados dos leigos...

Se eu for listar as falhas, as lacunas que detectei e senti na pele enquanto usuária...

O fato é que agora que estamos no apartamento, estamos com um conforto sem igual, mas (pasmem!), o principal não aconteceu: já completou 24 horas que o meu pai não foi visto por nem um médico!

Está com seus exames prontos, inclusive tomografia cerebral e não aparece neurologista para avaliar. Soube "por alto" que houve um engano de escala entre eles. E quem "paga o pato" pela desorganização e falta de responsabilidade? O cliente.

Ontem telefonei para um amigo que é neurologista e só estou quieta porque ele me orientou bem. Meu pai não está mal. Mas se estivesse? Se a sua acompanhante não fosse enfermeira?

Pois é. Apartamento um luxo só, mas médico que é bom, nada.

Ainda tive que engolir as seguintes anotações que vi no prontuário dele: "paciente com expectoração, quadro de vômito e diarréia...quatro aferições de TPR e PA idênticas, quando só fizeram isso duas vezes, e os valores não são os escritos". Ts, ts, ts...

E por aí vai.

Mas não vou sair sem deixar uma cartinha na ouvidoria. Com isso, poderei contribuir com os futuros clientes.

Eu tenho como cobrar, pois quando estou do outro lado, sou ativista no sentido de nos colocarmos no lugar do cliente, sem hipocrisia.

Falhas, todos nós temos, mas algumas são gritantes!

Nós profissionais da área da saúde temos é que ficar de olhos abertos como usuários, pois existem profissionais e profissionais, assim como hospitais e hospitais. Não dá para confiar.

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